Ainda não sabemos



O que a gente ainda não sabe
A gente dá as costas para a vida quando considera privilégio custear trocados em nome de uma solidariedade enrustida de interesses pessoais. Não sabemos sobre o outro e tampouco levamos em conta a contrapartida obrigatória e desinteressada que precisamos oferecer para sermos razoáveis. Limitados estamos de deixar o mundo mais bonito. Ninguém está interessado na beleza da janela do vizinho. O jardim mais florido precisa ser o nosso.
É preciso tomar dose forte de sanidade já que apenas café e poesia não vale. É equívoco pensar que somos servos da bondade, quando sequer ajeitamos as situações sem querer vantagens. A gente ainda não sabe nada sobre desapego. Somos servos infinitos de uma vontade estúpida de recolher todos os méritos, bondades, satisfação para usufruto individual, sem entender o prazer da partilha desinteressada.
Vivemos em tempo de facas afiadas, rasgando quem se aproxima para não sermos contrariados com a presença amorosa do outro. Somos frascos ocupados com líquidos para saciar a nossa sede de universalidade e unanimidade.
Muitas vezes tudo em nós é performático, solúvel e instantâneo, exceto a nossa indiferença e a desgraça do egocentrismo.
A gente ainda não sabe ocupar apenas o espaço que nos foi destinado, sem atropelar o caminho do outro. Cuidar sem exagerar. Dispensar sem ser indelicado. Argumentar sem impor nossa opinião. Selecionar valores sem cair na exteriorização.
A gente ainda não sabe que somos desconfortos que criticam sem piedade expulsando o outro para bem longe do terreno da afetividade e tolerância. O prolixo enfadonho de regras, leis e conselhos que vende barato fragmentos enfastiados de posturas para com o mundo.
O que a gente ainda não sabe é que somos promessas mal pagas tentando fazer gênero extraordinário, mas falimos pela ausência de sensibilidade.
O que a gente não sabe é que a gente mesmo, sabe pouco ou quase nada. E isso é tudo o que mais importa.
Ita Portugal

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